Ao mesmo tempo em que milhões de brasileiros acessaram aplicativos e contas digitais para aplicar recursos do FGTS em fundos de investimento, tornando-se sócios da Eletrobras, soa contraditório a discussão sobre um projeto de lei que torna obrigatório a abertura de agências físicas por bancos digitais.
De acordo com a proposta do deputado estadual Dionísio Lins, as agências dos bancos digitais deverão estar presentes em municípios em que possuam mais de 5 mil correntistas. Nesse sentido que surge o conceito de Figital, que une a experiência do físico e digital para os clientes do setor financeiro.
De fato, trata-se de um enorme contrassenso. Qual a capacidade que as fintechs, que têm ajudado a impulsionar a bancarização no país, têm de sustentar estruturas físicas sem comprometer a sua capacidade de investimento em inovação? De que forma a lei não reduziria vantagens competitivas em relação a grandes conglomerados financeiros?
O papel dos bancos digitais para a inclusão financeira
Contas e bancos digitais foram responsáveis pela abertura mais de 250 milhões de contas nos últimos anos, segundo o “Ranking de Onboarding Digital 2021” feito pela idwall. Enquanto os bancos tradicionais reduziram a presença física e intensificaram o movimento de digitalização, principalmente durante a pandemia de Covid-19.
Navegando nas redes, com recursos desenvolvidos a partir do alcance de aplicativos de mensagens, as contas digitais ampliaram sua presença geográfica. A Voltz, por exemplo, chega a mais de 800 municípios cobertos pela Energisa, através do WhatsApp da distribuidora de energia.
Existem clientes da Voltz na Vila Restauração, uma comunidade localizada na fronteira com o Peru, onde a Internet chega 24 horas por dia graças a um inovador sistema de geração de energia solar associado a um parque de baterias potente, resultado do projeto da Energisa.
Se a tecnologia ajuda a ampliar a bancarização dos brasileiros, ela não tem sido suficiente para intensificar o uso de produtos financeiros? O brasileiro que, com o celular por meio dos recursos de voz, supera até mesmo os assustadores indicadores de analfabetismo funcional, ainda é carente de educação financeira.
Do crédito aos seguros, passando por investimentos, cashback e cartões de crédito, a tendência é que bancos e instituições financeiras se tornem cada vez mais Figitais, ou seja, que unam o físico ao digital, com a proposta de atrair os clientes millennials (geração da internet) e da geração Z (nascidos entre 1990 e 2010), cujos objetivos são diferentes de outras gerações.
A importância da presença física de instituições financeiras para a população
Nesse contexto, a Voltz tem procurado desenvolver seu lado Figital, aproveitando mais uma vez da forte presença do Grupo Energisa por 11 estados brasileiros. A partir da formação de uma rede de atendentes nas agências de atendimento das distribuidoras, ou da formação orientação de profissionais das áreas de compras e contratos das empresas.
No contato direto com os clientes, será possível apresentar e recomendar os produtos financeiros mais apropriados para uma antecipação de recebíveis ou para o parcelamento da fatura de energia.
Por exemplo, uma operação de crédito tradicional, na qual a taxa de juros já é calculada na liberação do recurso, ou um cartão de crédito pré-pago, no qual os juros só incidem sobre o que é efetivamente antecipado.
A verdade é que, com criatividade e inovação, não existe limite para o crescimento do Figital, mas não por força de lei.
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